quarta-feira, 24 de agosto de 2011

>Maceió, 1928

Roupas,
Trapos,
Toalhas,
Guardanapos
E até o café:
Tudo cheirava àquela mulher.

Não uso mais sapatos
Nem gravata...

Nem subo mais ladeira,
dói a bunda.

Esta tarde
arde a cada calçada
e a décima segunda-feira
Está oca de fome.

Nada deve haver:
a mulher não tinha nome.

***

terça-feira, 9 de agosto de 2011

>Barlavento

E se nós fôssemos nós
fôssemos sós
fôssemos dós
fôssemos vós
até nos darmos nós.

***

sábado, 23 de julho de 2011

>Ps[eu]do

Melhor do que uma trepada homérica
uma transa amazônica.

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

>Panorâmica

(Sob)
Bafo de areia.

A cara
folheia
viradas páginas
mesquinhas
Entre_ímãs,
como alguém
que pudesse
ver Leviatans.

Fecha o livro:
ser perto
nem de longe
foi ser preto,
encontro
de slogans.

Cidade-mais-Manhattan.
dínamos
dos ramos
acendem aortas

bígamos
santos
e a poesia
de tudo quanto é morta,
na costa
de tudo quanto é mar.

Bafo na cara
cospe o perfume
dos cardumes:
hahahaha.

***

domingo, 5 de junho de 2011

>Teoria II - Circuncisado pelo sistema

Poeta de respeito,
escreveu
dez
palavras
e não
fez poema.

***

quinta-feira, 28 de abril de 2011

>Dúvida

Por que não harmonizarmos com a prudência
De um cientista subjetivista
Todas as concepções morais e sociais
Crônico-contemporâneas
Na tentativa de compreender a
Complexa diversidade de nossa
Experiência sensível, considerando que
Todo progresso realizado até agora
Se encarregará de organizar a humanidade
A fim de, a partir daí, organizar a Deus
De maneira lógica e uniforme
Sob a égide sistemática do pensamento estrutural
Através do qual suas ordenações resultantes
(acidentais ou não) derivem de um processo
Extremamente hipotético, sujeito a controvérsias, cuja
Aplicabilidade esteja voltada para a observação direta
Dos fenômenos históricos ultrapassados em si mesmos
Até que se obtenha um testemunho
Filologicamente convincente e único
Sempre debatendo filosofia
Como se entendêssemos alguma coisa?

***

>O que diz o dicionário sobre o meretrício

As uvas são feitas de vinho
E nos embriaga a cada era
Como se fôssemos
Rótulos.

Nunca vi tanto vinho virar uva.
Sua pele é rara
E seus filhos nascem
Póstumos.

***

>Sempre naquela

O corpo de Deus tocou meu corpo;
Excitei-me.

Lançou em mim um olhar de fé
Como um olhar de Mulher
Molhado na areia,
Às espumas.

Sei que tenho coração, mas não o possuo
(concluo).

Desamarelada,
Essa graça,
Essa troça,
De renascença aça,
Mulher-raça,
Pálida Mama-África

Jurubeba bêba
Toca o sexo e deixa
De ressaca,

Mas Deus não está se importando;
Deus tá cagando e andando.

***

sábado, 15 de janeiro de 2011

>Teoria

Minha sombra é virgem
(nunca levou sol)
E tem a cor das cores.

Sombra negativa, feita de física,
Premissa com gosto de sabores,
De contorno ótimo.

Fazer-se dia passada a luz
É traduzir os caminhos
Que tu fores.
Mas qual! E o vilão dos eleitores,
Herói de tantos ócios,
Não passava de um muro!

Tanto agouro se passou, tanto fóssil,
Só uma teoria restou:
O presente é o futuro
Infinitamente próximo.

***