domingo, 12 de dezembro de 2010

>Dia agnóstico

Sem controvérsia,
o destino
mais vice-do-que-versa.

***

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

>Pé de pau

Pa Crarinha

frô,
déi frô,
mói de frô
uma frônelada.

frô, frô, frô
uma frô amarela

uma nêga frô

muitas frô
de muitas côr

FRÔ PA TU
FRÔ PA EU

FRÔ, FRÔ
QUE LINDA FRÔ MÔ DEUSI!

***

>Hoje eu apartamentei o paraíso

Muito bom
reviver,
relembrar,
até gastar as paredes.

***

>Pausa para o café

Intervalo doloroso entre
o
criado-mudo e
a
calada-da-noite.

***

domingo, 12 de setembro de 2010

>Cinco poemas de amor (segunda parte)

­
I
Puta que pariu
gêmeos
se confode por não saber
se são machas ou fêmeos.

II
Como é gostoso
o cheiro do xixi do meu amor
(o do seu cocô
é mais cheiroso).

III
A menina
era priápica.
Não precisa
dizer nada.

IV
Nota:
Este poema não teria sentido
se antes de masturbá-lo
eu o tivesse fodido.

V
Moça de 15 anos
a idade é pouca,
mas tem a capacidade
de tirar do cu e pôr na boca.

***

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

>Ser-mar

Barco de lenha
(ou carga temerária).
Afundará aos poucos
ainda que sejam lâmina
cortante forem os rios.
Ainda que lhes venha
navegar
com polida madeira
de árvore prenha.

Talvez vá se destacar
quando secar o mar.

***

>Helləlûyāh

­
A onda do nada
aonde for
será minha palavra.

A ordem, o fogo:
queimarei se for celeste.

Terei nas mãos
meteoros-
de-todos-os-santos.

Se os prantos e as pestes
não vierem,
a onda vai se desfazer em nada

e a palavra quebrará
na margem do olhar.

Quem não perceber
é porque não a tem.

***

quarta-feira, 7 de julho de 2010

>Simbiose

­
Eis no corcovado:
puro concreto. Curvado e solitário.
Diáfano.
Sempre de braços abertos.

Cavado, eis no corcovado.
Covarde,
pois não concretiza o abraço, logo
não o completa...
Fixo. Hirto. Vírgula. Ponto. Telegráfico.
A nós, a esperança.
Seu estágio é uma sensação de passagem,
[de despedida
que se inicia como quem adeus anuncia.
Cuscuz de pedra.
Seu abraço não se fecha.
Resta apenas o vazio
mas o feitiço não se quebra (sequer desmancha).

Ó, corcovago, corcomago, corcoitado, corcovácuo.
Teu nome é canção, vestal oratória.
Reside em ti, maciça, a ardente memória
de um Heliogábalo.

†††

quarta-feira, 2 de junho de 2010

>Pau no Leminski

­
Ártica,
Desejo pálido
De gelo.
Superfície:
Alguma possível.
Nenhuma, nula,
Puro mínimo.
Espírito único.
Provoco equívocos,
Monólogos-vivos.

***

quinta-feira, 8 de abril de 2010

>Melodia e Gardênia

­
Meu coração é uma noite negra
Que me ilumina a
Cada vez que me elimino.
Seu longo véu de veludo
Cobre o planeta mudo
E eu assisto a tudo rindo.

Meu coração é uma Peste Negra
Que me infecta a cada vez
Que te detecta.
Não distingue a cor do vidro,
Não sabe se um anjo é um urubu travestido,
Não há candura que dura um só momento;
A gasolina não passa pelo ventrículo,
O sangue não bombeia o músculo do veículo,
Mas eu tento.

***

segunda-feira, 22 de março de 2010

>"Inovatus"

à moda de

Ele: vou virar um Ogro. Só corto o cabelo quando eu quiser.
Ela: ah, vc só vai cortar quando a gente voltar, isso é alguma forma de esperança. Escreve isso, vai. Deixe de ser reprimido.
Ele: reprimido é o caralho.
Ela: só se for o teu caralho.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

>Corpo descartável

­
Preferes o meu colo ou minha alma?
Omito ser alma o que além do atrito
presta, porque és digno ou porque és digno de honesta idade
ao arderes quando clamas em tua calma cama onde tu amas.
Mas se presto, por favor ou devoção,
eu te adoro. Assim me vens com líquidas
palavras; azinhavras, azinhavras
este teu tom de azul de tanto tinto,
pois aqui no quinto jaz um blues.

***